A Cirurgia Plástica na visão da cirurgiã

“Nós restauramos, reparamos e fazemos um todo das partes que foram criadas pela natureza e arrancadas pelo destino, enaltecendo o espírito e auxiliando a mente dos aflitos”- Tagliacozzi, 1597.

O domínio da técnica cirúrgica com a consciência da arte é o que mais me fascina na minha especialidade. Representa a face inventiva, imprevisível, sem regras fixas, de ser capaz de prover soluções variadas para o mesmo problema, tendo discernimento da estética e da harmonia para cada caso. Não é algo que se aprenda, mas uma virtude inata, privilégio de alguns. O Cirurgião Plástico é eclético, atua em praticamente todo o corpo humano – crânio, face, tronco, membros. Para isso, nos dias atuais, exige-se uma formação vasta, longa, com conhecimento extenso da anatomia e fisiologia dos diversos segmentos corpóreos.

A Cirurgia Plástica é uma especialidade que há muito fascina a humanidade. O termo “plastique” foi inicialmente utilizado por Desavit, em 1798, referindo-se à forma. Antes de qualquer procedimento consagrado na cirurgia já se realizavam reconstruções nasais e se corrigiam deformidades traumáticas, desde a Antiguidade. No século XIX, houve o grande desenvolvimento das duas vertentes da Cirurgia Plástica – a cirurgia reparadora e a estética. As grandes guerras, o incremento das máquinas e seus acidentes e a procura da resolução de defeitos congênitos permitiram o avanço da cirurgia reparadora. A procura por resultados estéticos mais harmoniosos e corpos rejuvenescidos foi a razão para o desenvolvimento deste novo campo da estética. Hoje, não existe esta diferenciação, já que se procuram resultados anatômicos e, no aperfeiçoamento estético, não se pode perder de vista a função.

Mas o que é a beleza? Existe uma beleza universal ou ela está ligada aos diferentes períodos históricos das culturas e civilizações? A cada dia, o homem comum, poetas, filósofos e artistas buscam o belo, e sempre tiveram medo de perdê-la. O desejo da beleza impera na humanidade, na busca da eterna juventude. A beleza é ambígua, e nesta ambiguidade está seu fascínio. Ela é a harmonia das formas, é a paz à nossa volta, é serenidade de espírito e consciência interior.

E pode-se aprender a criatividade da arte? Na minha técnica reside a face da artista, uma visão global e criativa em antagonismo à técnica e à busca pela perfeição. A inspiração artística e vibração estética dominam a técnica e nos levam a um mundo de beleza e harmonia. A estética não é um desejo irracional de imortalidade e de eterna juventude, mas uma busca racional da possível perfeição humana.

Dra. Luciana Halal, cirurgia plástica em Porto Alegre.



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